Raimundo
J. Barbosa Brandão
Sendo a Estatística um conjunto de métodos utilizado para o planejamento
de estudos e experimentos, coleta, organização, analise, interpretação e
auxilio para as tomadas de decisão, a sua relevância pode ser observada pelo
seu uso em organizações governamentais e não governamentais, onde instituições
financeiras, econômicas e sociais necessitam de conhecimentos Estatísticos do
mais elementar ao nível mais avançado, para que cidadãos comuns e profissionais
em geral possam tomar decisões com fundamentos técnicos e científicos com certa
margem de segurança.
O papel da Estatística nos últimos anos atingiu uma importância
significativa para o desenvolvimento social e econômico. Instituições de
pesquisa são criadas com fins específicos de atender as demandas de coleta,
análise e interpretação de dados, para fins de planejamento. Vale realçar o
papel do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/IBGE que, de acordo
com seu estatuto, tem como missão retratar o Brasil com
informações necessárias ao conhecimento da sua realidade e ao exercício da
cidadania, por meio da produção, análise, pesquisa e disseminação de informações
de natureza estatística- demográfica e socioeconômica, e
geocientífica-geográfica, cartográfica, geodésica e ambiental.
O IBGE, portanto, constitui-se no maior
órgão de coleta, organização e análise de dados do Brasil, atendendo, assim,
demandas de informações oficiais como os governos Federal, Estadual e
Municipal, bem como a sociedade em geral.
Observa-se ainda que o IBGE, no
desempenho de suas funções, oferece uma visão ampla, completa e atualizada do
país, dentre outras questões, na produção de informações Estatísticas, na
coordenação e consolidação destas informações e na coordenação dos sistemas
estatísticos e cartográficos.
Em nível internacional, a Associação
Internacional para a Educação Estatística (IASE), em suas ações pelo mundo, procura
promover, apoiar e melhorar a Educação Estatística em todos os níveis, além de
estimular a cooperação internacional, a discussão e pesquisa, disseminando
ideias, estratégias, materiais e informações através de publicações e
conferências internacionais.
Pode-se notar que, de acordo com o
exposto, a Estatística tem uma aplicabilidade muito vasta na utilização de
dados experimentais e contribui para o desenvolvimento cientifico. Portanto, na
atualidade, a necessidade de conhecimentos estatísticos incrementa-se para as
pessoas em geral, a fim de possibilitar uma melhor compreensão dos fenômenos da
natureza, sociais e tomadas de decisão.
Pimenta, (2009) destaca a grande
necessidade dos adultos, numa sociedade industrial, estarem capacitados
(alfabetizados) estatisticamente para analisar e avaliar criticamente a
informação, oriunda da organização de dados que os indivíduos podem encontrar
em diversos contextos, e discutir e comunicar as suas concepções em relação a
essas informações quando forem relevantes.
Diante da necessidade do cidadão e
dos profissionais em geral, em domínios de conhecimentos estatísticos para
decidir no cotidiano, alguns países introduziram o ensino deste conteúdo nos
currículos escolares.
Encontra-se em Lopes (2008) que não
basta o cidadão entender porcentagens expostas em índices estatísticos, como as
taxas de desenvolvimento populacional, de inflação ou desemprego, é necessário
que o mesmo saiba analisar e relacionar criticamente os dados apresentados,
analisando, interpretando, comparando e tirando conclusões.
Carzola e Castro (2008) discorrem
sobre a representação gráfica devido à sua eficiência na transmissão das
informações, por serem visualmente mais prazerosa e amena na percepção e
raciocínio das pessoas, mas advertem sobre as contradições existentes no
recebimento das informações em pesquisas com fundamentação observacional,
experimental e estatística, cujos resultados, às vezes, não são compreendidos
em função de serem divulgadas apenas conclusões de forma incompletas,
descontextualizadas e distorcidas, mal compreendidas que induzem as pessoas a
tomarem decisão de forma equivocadas.
Neste ponto, é preciso compreender
que a maioria das informações provenientes de levantamentos estatísticos, na
busca de estimar tendências e parâmetros, tem por base uma amostra, a partir da
qual os parâmetros são estimados. Logo, as inferências obtidas, com base em
dados amostrais, estão sujeitas a erros provenientes da própria amostragem.
Também, deve-se compreender que, nos casos de pesquisas de opinião pública, por
trás de toda informação veiculada pela mídia, existe um patrocinador, alguém
que pagou pela pesquisa e que, portanto,
coloca em dúvida a neutralidade
e, em certa medida, a fidedignidade dos resultados exibidos em tais
investigações. (CARZOLA e CASTRO, 2008, p. 47)
Entende-se, desta forma, a extrema
necessidade de que as pessoas comuns possam detectar algum conhecimento em
Estatística para o exercício da cidadania, pois, conforme Dallari (1998), a
cidadania consiste nas possibilidades do indivíduo de participar ativamente da
vida do governo e sua população, inserindo-o na vida social, e da tomada de
decisões.
Numa sociedade onde o cidadão, a todo
instante, é bombardeado com uma gama muito grande de informações e, neste caso,
ele precisa de conhecimentos e habilidades básica para saber analisar,
interpretar e compreender estas informações para tomadas de decisão no seu
cotidiano. Uma habilidade fundamental para o cidadão interpretar e avaliar, de
forma crítica, as informações é o letramento estatístico que é dado a elas.
O indivíduo “letrado”
estatisticamente necessita ainda de habilidades de comunicação para expressar
suas opiniões e tomadas de decisões baseadas na adequada compreensão da analise
dos dados. De acordo com Batanero, Burrill e Reading (2011) letramento
estatístico vai além da aplicação da estatística de maneira mecânica, mas se
constitui na habilidade de ler e interpretar dados de forma critica. O uso
adequado dos conhecimentos estatísticos é de utilidade em argumentos do
cotidiano do cidadão comum, dos estudantes dos diversos níveis de ensino e dos
profissionais em geral. Para Gal (2002) para uma pessoa adulta que vive numa
sociedade industrial, o letramento estatístico é definido como: a) competência
da pessoa para interpretar e avaliar criticamente a informação estatística, os
argumentos relacionados aos dados ou aos fenômenos estocásticos, que podem se
apresentar em qualquer contexto e, quando relevante, b) competência da pessoa
para discutir ou comunicar suas reações para tais informações estatísticas,
tais como seus entendimentos do significado da informação, suas opiniões sobre
as implicações desta informação ou suas considerações acerca da aceitação das
conclusões fornecidas (GAL,2002, p. 2-3). Há pessoas que se colocam em extremos
opostos quanto às pesquisas estatísticas. Há aqueles que não acreditam em
pesquisas estatísticas por julgarem que a estatística é a arte de mentir.
Enquanto isso, há aqueles que acreditam que as previsões ou tendências
estatísticas são extremamente confiáveis, mesmo desconhecendo alguns conceitos
elementares essênciais à analises e compreensão dos dados.
Em ambos os pensamentos, as pessoas
necessitam de melhor fundamentação para compreender as informações. Um exemplo
bastante conhecido do cidadão brasileiro são as pesquisas de intenção de voto
realizadas em épocas de eleições que ocorrem a cada dois anos. Para o eleitor
avaliar criticamente uma pesquisa com este tipo de finalidade é preciso
compreender diferença entre população e amostras, tipos de amostragens
adequadas à homogeneidade ou heterogeneidade da população, margem de erro e
intervalo de confiança. Os indivíduos compreendendo estes conceitos
fundamentais em estatística terão melhores condições de compreender as
informações e tirar conclusões com mais segurança e tomar decisões com a menor
margem de erro possível.
Referências Bibliográficas
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