sábado, 3 de maio de 2014

PROFESSOR REFLEXIVO

PROFESSOR REFLETINDO NA AÇÃO E SOBRE A ÇÃO

 

 Raimundo J. Barbosa Brandão

Etimologicamente, a origem da palavra “Professor” tem sentido polissêmico, tanto quanto a denotação do termo na atualidade. Do latim, tem-se “profiteri’, com o mesmo significado de “por fateri”, que significa confessar; da família “magister” (COVARRUBIAS, 1994); originário do termo “docens”, que deriva de “docere”, que significa ensinar.

No processo de ensinar, muitas vezes o mediador se vê diante de situações que precisam de uma decisão urgente e decidir diante de incertezas é uma missão muitas vezes complexa para o professor, que frequentemente não participa das elaborações dos currículos e das políticas educacionais.

Para minimizar esta complexidade é fundamental que se tenha professores bem preparados e compromissados com o processo educativo.

Nesta perspectiva concorda-se com Borralho (1997) que não há ensino de qualidade, nem reforma educativa de qualidade e inovação pedagógica sem uma formação adequada para o professor.

Diante destas questões é urgente refletir na formação docente a respeito de novas maneiras de se apoderar e usar os diversos saberes essências às práticas educativas. A reflexão na e sobre a prática permite que o professor reavalie a sua atuação de desta forma, reinventa e assume papel central na ação. Por tanto é fundamental mudança de atitude, maneira de pensar e agir, bem como a forma de compreender e explicar a construção histórica e social dos objetos de aprendizagem.

Para Dewey (1959, 1979) apud Dorigon e Romanowski (2008, p.11), o pensamento reflexivo tem uma função instrumental, origina-se no confronto com situações problemáticas, e sua finalidade é prover o professor de meios mais adequados de comportamento para enfrentar essas situações. Quando surge uma situação que contenha uma dificuldade ou perplexidade, podemos contorná-la ou enfrentá-la e assim começamos a pensar e refletir, forçosamente, começamos a observar para analisarmos as condições.

Compreender os problemas relativos à formação de professor reflexivo, é importante a leitura de pesquisadores como Zeichner (1993, 1997, 2008), Shulman (1986, 1987) na abordagem do conhecimento pedagógico do conteúdo, Perrenoud (2000) discorrendo sobre as competências que os professores precisam desenvolver para ensina e Schön (1983, 1992, 2000)  refletindo na ação e sobre a ação.

Para Shulman (1989, p. 19) “reflexão é um processo pelo qual o professor aprende a experiência”, é a prática do professor quando (re)constrói seus saberes, crenças, valores e ações.

Donald Schön foi um dos primeiros pesquisadores a criticar o modelo da racionalidade técnica e iniciar estudos sobre formação de professor reflexivo (1983, 1987, 1997 e 2000), a importância do professor refletir sobre o que ele está fazendo como parte do processo de sua prática pedagógica serviu para despertar o interesse de outros investigadores sobre o tema.

Nos trabalhos de Schön (1983), o que Dewey (1933, 1980) chamou de reflexão, ele chama de conhecimento na ação, que consiste numa atividade de rotina, sem a necessidade de um pensamento consciente e consistente. Para este autor, a reflexão ocorre de três modos diferentes: reflexão na ação, reflexão sobre a ação. Com relação ao aluno, o professor reflete sobre as ações dos alunos dando-lhes possibilidades de testar hipóteses que elaborou sobre a forma de pensamento do aluno.

·                    Reflexão na ação – significa pensar no que se faz enquanto se está fazendo. É um momento de atualização, renovação e (re)construção de conhecimentos. A reflexão na ação, segundo Schön (1983), ajuda na conclusão de uma tarefa e a experimentação em curso permite obter uma resposta correta. Schön apresenta alguns conceitos importantes para a reflexão na ação:

a)           Conhecimento tácito – é conhecimento do individuo quando está fazendo alguma coisa (Schön, 1983), é algo automático e intuitivo. O saber é normalmente tácito quando estamos lidando com as coisas. Por exemplo, quando se aprende a calcular o coeficiente de correlação entre duas variáveis, teve que pensar sobre o que estava fazendo.

Encontra-se em Nonaka & Takeuchi (2001) que a ideia de conhecimento tácito foi trabalhada por Michael Polanyi (1966), após refletir sobre a frase “nós podemos saber mais do que podemos dizer”.

Para Polanyi (1972), as línguas oferecem a vantagem da comunicação verbal, mas essa articulação não torna necessariamente o indivíduo mais informado. Aqui se pode compreender que as possíveis incoerências ou omissão do pensamento comunicado, através da linguagem, oferecem apenas segmentos da informação, que podem ser manipuladas ou tendenciosas. Na concepção desse pesquisador, o conhecimento tácito acontece por meios de experimentos, pela experiência de vida, do conhecimento pessoal de cada indivíduo.

Predomina na concepção de ciências (POLANYI, 1969), a disjunção da subjetividade e da objetividade, e isso elimina o seu caráter pessoal e suas apreciações. Isso leva à conclusão que o conhecimento tácito ultrapassa a dicotomia e conduz o contato íntimo entre ciência e indivíduo.

a.1) Saber em ação – o saber em ação é um bom indicador para o conhecimento que o indivíduo possui no seu interior quando ele realiza sua atividade de forma natural. É o chamado saber prático pessoal.

b) Refletindo na ação – esta atitude ocorre quando o indivíduo é capaz de fazer a avaliação e efetuar modificações no ambiente do evento. Para quem tem habilidade em trabalhar em situações de incerteza ou dúvida é uma ação relativamente fácil, porém àqueles menos habilidosos o desfio é maior.

Schön (1983) esclarece que as pessoas que passam muito tempo fazendo a mesma atividade, com as mesmas estratégias, perdem oportunidades importantes em pensar no que está fazendo, pois são atraídos por certos tipos de erros padrões tornando-se um pouco difícil para correção.

Para Caine & Caine (1997), a forma pela qual uma pessoa faz reflexão sobre o que faz está intimamente associada à forma que se percebe o mundo e os modelos em que se encontra fundamentado estas percepções.

b.1) Incerteza – para Morin (2003), conhecer e pensar não é chegar a uma verdade absolutamente certa, mas está falando com a incerteza.

A incerteza parece ser um dos mais relevantes elementos que constitui a cultura contemporânea, se encontra no centro das discussões científicas e, é fundamental nos processos de mudanças, uma vez que tem papel decisivo na interpretação da realidade.

Acredita-se que este elemento tenha uma grande utilidade na vida dos profissionais em geral, incluindo os professores, pois a ciência já não parece ser capaz (HARGREAVES, 1998) de mostrar como o indivíduo vive com alguma certeza ou estabilidade. Na sociedade atual, a dúvida se encontra em toda parte, e a única certeza que se tem é que o amanhã será muito diferente do dia de hoje, pois as “supostas certezas científicas” são questionadas a todo instante e, não tem “credibilidade absoluta”. Isto leva o sujeito a constante reflexão em suas ações e conduzem aos processos de mudanças.

·      Reflexão sobre a ação – ao final da execução de uma atividade de trabalho ou de ensino, convém a realização de uma avaliação para se detectar avanços ou retrocessos.

Para o docente, é muito importante fazer reflexões sobre o que foi feito durante uma ação pedagógica, pois neste momento de pensar “nós refletimos sobre a ação, pensando o que temos feito, a fim de descobrir como o nosso conhecimento na ação pode ter contribuído para um resultado inesperado”. (SCHÖN, 1983, p. 26).

Para Schön (1983), a capacidade de refletir na ação e sobre a ação, tornou-se uma característica importante dos programas de formação profissional em muitas disciplinas, isto é visto como um papel importante no início da profissão docente.

 

REFERÊNCIAS

BORRALHO, A. O ensino da resolução de problemas de Matemática por parte de futuros professores: Relações com a sua formação inicial. In: FERNANDES, D.; LESTER Jr., F.; BORALHO, A.; VALE, I. (Coords.) Resolução de Problemas na formação inicial de professores de Matemática: Múltiplos contextos e perspectivas. Grupo de investigação em Resolução de Problemas, Aveiro, 1997, p. 129-157. 

DEWEY, J. Como Pensamos. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1959.

DEWEY, J. Democracia e Educação. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1979.

DORIGON, Thaisa Camargo.; ROMANOWSKI , Joana Paulin. A reflexão em Dewey e Schön. Revista Intersaberes. Curitiba, ano 3, n. 5, p. 8 - 22, jan/jul 2008

CAINE, G. & CAINE, R. Unleashing the Power of Perceptual Change. Alexandria: Association for Supervision and Curriculum Development. 1997.

COVARRUBIAS, S. de (1611): Tesoro de o lengua castellana o española, Madrid. Maldonado, F. C. R. (o.), revisada por M. Camarero. Madrid, Castalia. 1994.

DEWEY, J. A Arte como Experiência. Trad. M.O.R.P. Leme. São Paulo: Abril Cultural,1980.

DEWEY, J. A Filosofia em Reconstrução. Trad. E.M. Rocha.  São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1958.

DEWEY, J. Como pensamos. 3. o. São Paulo: Editora Nacional, 1959.

DEWEY, J. How we think: A restatement of the relation of reflective thinking to the educative process. Lexington, MA: Health.1933.

MORIN, Edgar. A cabeça bem-feita. Repensar a reforma/reformar o pensamento. 8ª ed. Rio de Janeiro. Tradução Eloá Jacobina. Bertrand Brasil, 2003.

NONAKA, I. & NISHIGUCHI, T. (Eds.). Knowledge emergence: Social, technical, and evolutionary dimensions of knowledge creation. New York: Oxford University Press, 2001.

POLANYI, M. the study of Man. Chicago: The University of Chicago Press, 1972.

SCHÖN, D. Educando o profissional reflexivo: um novo design para o ensino e a aprendizagem. Porto Alegre, RS: ArtMed, 2000.

SCHÖN, D.Formar professores como profissionais reflexivos. In: NÓVOA, A. Os professores e sua formação. Lisboa, Portugal: Dom Quixote, 1992.

SCHÖN, D.A. The reflective practitioner . New York: Basic Books, 1983.

SCHÖN, D.A..Formar professores como profissionais reflexivos. In NÓVOA, António (coord.). Os professores e a sua formação . Lisboa: Dom Quixote, 1992, p. 77-91. SCHÖN, D.A. Educating the reflective practitioner . San Francisco: Jossey-Bass, 1987.

SHULMAN, Lee. “Toward a pedagogy of substance.” AAHE Bulletin (American Association of Higher Education) June 1989.

SHULMAN, Lee. Knowledge and teaching: foundations of the new reform. Harvard Educational Review. 1987.

SHULMAN, Lee. Those who understand: knowl­edge growth in teaching. Educational Research, n. 15 .1986.

ZEICHNER ,Kenneth M. Uma análise crítica sobre a “Reflexão” como  conceito estruturante na formação docente.Educ. Soc., Campinas, vol. 29, n. 103, p. 535-554, maio/ago. 2008.

ZEICHNER, K. El maestro como profesional reflexivo. Cuadernos de pedagogía, v. 220. 1993.

ZEICHNER, K., Novos Caminhos para o  Practicum: Uma Perspectiva para os Anos 90. In: Os Professores e a sua Formação. Lisboa: Dom Quixote, 1997.

segunda-feira, 31 de março de 2014

A IMORTÂNCIA DO LETRAMENTO ESTATÍSTICO











Raimundo J. Barbosa Brandão

 

Sendo a Estatística um conjunto de métodos utilizado para o planejamento de estudos e experimentos, coleta, organização, analise, interpretação e auxilio para as tomadas de decisão, a sua relevância pode ser observada pelo seu uso em organizações governamentais e não governamentais, onde instituições financeiras, econômicas e sociais necessitam de conhecimentos Estatísticos do mais elementar ao nível mais avançado, para que cidadãos comuns e profissionais em geral possam tomar decisões com fundamentos técnicos e científicos com certa margem de segurança.

O papel da Estatística nos últimos anos atingiu uma importância significativa para o desenvolvimento social e econômico. Instituições de pesquisa são criadas com fins específicos de atender as demandas de coleta, análise e interpretação de dados, para fins de planejamento. Vale realçar o papel do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/IBGE que, de acordo com seu estatuto, tem como missão retratar o Brasil com informações necessárias ao conhecimento da sua realidade e ao exercício da cidadania, por meio da produção, análise, pesquisa e disseminação de informações de natureza estatística- demográfica e socioeconômica, e geocientífica-geográfica, cartográfica, geodésica e ambiental.

O IBGE, portanto, constitui-se no maior órgão de coleta, organização e análise de dados do Brasil, atendendo, assim, demandas de informações oficiais como os governos Federal, Estadual e Municipal, bem como a sociedade em geral.

Observa-se ainda que o IBGE, no desempenho de suas funções, oferece uma visão ampla, completa e atualizada do país, dentre outras questões, na produção de informações Estatísticas, na coordenação e consolidação destas informações e na coordenação dos sistemas estatísticos e cartográficos.

Em nível internacional, a Associação Internacional para a Educação Estatística (IASE), em suas ações pelo mundo, procura promover, apoiar e melhorar a Educação Estatística em todos os níveis, além de estimular a cooperação internacional, a discussão e pesquisa, disseminando ideias, estratégias, materiais e informações através de publicações e conferências internacionais.

Pode-se notar que, de acordo com o exposto, a Estatística tem uma aplicabilidade muito vasta na utilização de dados experimentais e contribui para o desenvolvimento cientifico. Portanto, na atualidade, a necessidade de conhecimentos estatísticos incrementa-se para as pessoas em geral, a fim de possibilitar uma melhor compreensão dos fenômenos da natureza, sociais e tomadas de decisão.

Pimenta, (2009) destaca a grande necessidade dos adultos, numa sociedade industrial, estarem capacitados (alfabetizados) estatisticamente para analisar e avaliar criticamente a informação, oriunda da organização de dados que os indivíduos podem encontrar em diversos contextos, e discutir e comunicar as suas concepções em relação a essas informações quando forem relevantes.

Diante da necessidade do cidadão e dos profissionais em geral, em domínios de conhecimentos estatísticos para decidir no cotidiano, alguns países introduziram o ensino deste conteúdo nos currículos escolares.

Encontra-se em Lopes (2008) que não basta o cidadão entender porcentagens expostas em índices estatísticos, como as taxas de desenvolvimento populacional, de inflação ou desemprego, é necessário que o mesmo saiba analisar e relacionar criticamente os dados apresentados, analisando, interpretando, comparando e tirando conclusões.

Carzola e Castro (2008) discorrem sobre a representação gráfica devido à sua eficiência na transmissão das informações, por serem visualmente mais prazerosa e amena na percepção e raciocínio das pessoas, mas advertem sobre as contradições existentes no recebimento das informações em pesquisas com fundamentação observacional, experimental e estatística, cujos resultados, às vezes, não são compreendidos em função de serem divulgadas apenas conclusões de forma incompletas, descontextualizadas e distorcidas, mal compreendidas que induzem as pessoas a tomarem decisão de forma equivocadas.

Neste ponto, é preciso compreender que a maioria das informações provenientes de levantamentos estatísticos, na busca de estimar tendências e parâmetros, tem por base uma amostra, a partir da qual os parâmetros são estimados. Logo, as inferências obtidas, com base em dados amostrais, estão sujeitas a erros provenientes da própria amostragem. Também, deve-se compreender que, nos casos de pesquisas de opinião pública, por trás de toda informação veiculada pela mídia, existe um patrocinador, alguém que pagou pela pesquisa e que, portanto,  coloca em dúvida a neutralidade  e, em certa medida, a fidedignidade dos resultados exibidos em tais investigações. (CARZOLA e CASTRO, 2008, p. 47)

Entende-se, desta forma, a extrema necessidade de que as pessoas comuns possam detectar algum conhecimento em Estatística para o exercício da cidadania, pois, conforme Dallari (1998), a cidadania consiste nas possibilidades do indivíduo de participar ativamente da vida do governo e sua população, inserindo-o na vida social, e da tomada de decisões.

Numa sociedade onde o cidadão, a todo instante, é bombardeado com uma gama muito grande de informações e, neste caso, ele precisa de conhecimentos e habilidades básica para saber analisar, interpretar e compreender estas informações para tomadas de decisão no seu cotidiano. Uma habilidade fundamental para o cidadão interpretar e avaliar, de forma crítica, as informações é o letramento estatístico que é dado a elas.

O indivíduo “letrado” estatisticamente necessita ainda de habilidades de comunicação para expressar suas opiniões e tomadas de decisões baseadas na adequada compreensão da analise dos dados. De acordo com Batanero, Burrill e Reading (2011) letramento estatístico vai além da aplicação da estatística de maneira mecânica, mas se constitui na habilidade de ler e interpretar dados de forma critica. O uso adequado dos conhecimentos estatísticos é de utilidade em argumentos do cotidiano do cidadão comum, dos estudantes dos diversos níveis de ensino e dos profissionais em geral. Para Gal (2002) para uma pessoa adulta que vive numa sociedade industrial, o letramento estatístico é definido como: a) competência da pessoa para interpretar e avaliar criticamente a informação estatística, os argumentos relacionados aos dados ou aos fenômenos estocásticos, que podem se apresentar em qualquer contexto e, quando relevante, b) competência da pessoa para discutir ou comunicar suas reações para tais informações estatísticas, tais como seus entendimentos do significado da informação, suas opiniões sobre as implicações desta informação ou suas considerações acerca da aceitação das conclusões fornecidas (GAL,2002, p. 2-3). Há pessoas que se colocam em extremos opostos quanto às pesquisas estatísticas. Há aqueles que não acreditam em pesquisas estatísticas por julgarem que a estatística é a arte de mentir. Enquanto isso, há aqueles que acreditam que as previsões ou tendências estatísticas são extremamente confiáveis, mesmo desconhecendo alguns conceitos elementares essênciais à analises e compreensão dos dados.

Em ambos os pensamentos, as pessoas necessitam de melhor fundamentação para compreender as informações. Um exemplo bastante conhecido do cidadão brasileiro são as pesquisas de intenção de voto realizadas em épocas de eleições que ocorrem a cada dois anos. Para o eleitor avaliar criticamente uma pesquisa com este tipo de finalidade é preciso compreender diferença entre população e amostras, tipos de amostragens adequadas à homogeneidade ou heterogeneidade da população, margem de erro e intervalo de confiança. Os indivíduos compreendendo estes conceitos fundamentais em estatística terão melhores condições de compreender as informações e tirar conclusões com mais segurança e tomar decisões com a menor margem de erro possível.

 

 

Referências Bibliográficas

 

BATANERO, C.; BURRILL, G.; READING, C.  Estatísticas de Ensino de Matemática da Escola.  Desafios para a Educação de Ensino e Professor: Um Estudo ICMI / IASE Conjunto pringer, 2001

BRANDÃO, R.J.B. Formação inicial do professor de Matemática e o ensino de Estatística: contribuições para a formação de um currículo. In: II Seminário Internacional em Educação Matemática. São Paulo, 2009

BRANDÃO, R.J.B. Aprendizagem significativa em estatística com a estratégia de resolução de problema: uma experiência com estudantes de administração de empresa. Anais 4º Encontro Nacional de Aprendizagem Significativa (4º.ENAS). Garanhuns-Pe, 2012

BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Decreto Nº 4.740, DE 13 de Junho de 2003

CAZORLA,I.M., CASTRO, F.C. de.  O papel da estatística na leitura do mundo: o letramento estatístico. Publ. UEPG Ci. Hum., Ci. Soc. Apl., Ling., Letras e Artes, Ponta Grossa, jun. 2008. Disponível em: < http://www.revistas2.uepg.br/index.php/humanas/article/view/617/605>) acesso 28 de out de 2011

GAL, I. Adult’s Statistical literacy: Meanings, Components, Responsabilities. International Statistical Review, n. 70,, 2002

TRIOLA, M. F. Introdução à Estatística. Livros Técnicos e Científicos Editora S.A. Copyright, 2008

IASE. International Association for Statistical Education. Disponível em: < http://www.stat.auckland.ac.nz/~iase/>acesso em 19 de mar, 2012

LOPES, C.A.E . O ensino da estatística e da probabilidade na Educação Básica e a formação dos professores . Cad. Cedes, Campinas, vol. 28, n. 74, p. 57-73, jan./abr, 2008.

 





A   TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO ESTATÍSTICA

Professor Raimundo J.B. Brandão*

 

As tecnologias de maneira geral, dada a confiabilidade e rapidez no processamento de dados possuem um papel muito importante para a sociedade no sentido de facilitar o acesso à informação e melhorar a comunicação. As tecnologias da informação e comunicação (TIC’s) tem alcançado grande destaque nas últimas décadas e o seu desenvolvimento, tem na atualidade dado contribuições significativas a vários segmentos da sociedade, como por exemplo, na comunicação e na educação.

Na educação, as TICs são imprescindíveis, apesar delas não educarem (BARROS , MORAES e RODRIGUES, 2010), são utilizadas com instrumentos de acesso ao conhecimento e estimulam o aprendizado.

As demandas pelas tecnologias em todos os campos do conhecimento tem sido foco de estudos como o objetivo melhorar as suas aplicações no processo de ensino e aprendizagem.  Nas últimas décadas tem crescido bastante a tendência pela das tecnologias no sentido de auxiliar o processo de ensino e aprendizagem em Matemática. Para este autor a buscar por ferramentas interativas, que facilitam a realização de cálculos podem ser mais motivadoras que podem facilitar o processo de ensino e aprendizagem tem levado professores e estudantes em busca de software.

            Em matemática existem uma diversidade de software, em praticamente  todas as áreas de matemática, como por exemplo, na Álgebra, Geometria, Cálculos e Estatística.

Nas últimas décadas o ensino da Estatística e da Probabilidade tem tido influencia muito importantes das novas tecnologias de informação e comunicação (TIC’s).

A utilização das tecnologias em pesquisas permite se trabalhar com um volume grande de dados ou mesmo dados reais, eliminando trabalhos com amostras o que permite se obter resultados mais próximo da realidade. Para Branco (2000) a novas tecnologias são indispensáveis na prática do ensino de Estatística.

______________________
           *Doutor em Educação Matemática e professor da Universidade Estadual do Maranhão

Com relação ao ensino de Estatística atualmente é bastante comum  o auxílio de tecnologia no processo de ensino e aprendizagem. Diferentemente de duas ou três décadas  é bastante comum a utilização de tecnologias s atrás, hoje não é raro encontrar em sala de aulas estudantes com laptop, notebook, tablet e máquinas de calcular modernas, tão eficientes quanto computadores.

Atualmente, é difícil se imaginar o ensino e aprendizagem de Estatística sem o auxílio de tecnologia. Diferentemente de duas ou três décadas atrás, hoje é muito comum encontrar em sala de aulas estudantes com laptop, notebook, tablet e máquinas de calcular modernas, tão eficientes quanto computadores. Também é bastante comum a utilização da Internet em curso online, vídeo-aulas e muitas outras formas digitais de se processar o ensino e a aprendizagem em todos os campos do conhecimento.

                   No ensino de Estatística muitos softwares tem sido desenvolvidos com a finalidade de facilitar a aprendizagem, e nos parece que os ideais são aqueles onde o aprendiz pode criar e manipular a sua base de dados. Dentre estes, os de uso mais comuns são:

·                    Software estatístico adequado ao ensino de ensaística é o R (Rcmdr), muito importante na interação de dados, criação de gráficos, realização de análises Estatísticas, criação e realização de simulações. A forma de acesso aos dados é simples e direta para sua conversão e importação e, dentre outras características, possui pacotes com funções específicas..

·           O Software Minitab é um pacote estatístico importante na análise de dados. O usuário não precisa ter conhecimentos de linguagem de programação aprofundada para manusear o software, por esta razão o torna de fácil acesso.

·            Para Chance et al. (2007), nos últimos anos o Minitab tem tido um foco pedagógico muito grande. Por também ser um software de manipulação de dados, cada vez mais se torna mais viável no processo de ensino e aprendizagem, permitindo a exploração dos alunos na construção de ideias.

Apesar de existirem softwares voltados para o ensino de Estatística, conforme citado acima, nesta pesquisa utilizamos o Pakage Statistical Package for Social Sciences (SPSS), que apresenta uma aplicação relativamente fácil, pelo fato de funcionar de modo semelhante a outros aplicativos desenvolvidos para o Windows. É um pacote para o tratamento de dados acessível a usuários sem muito domínio em informática. Diante disso, os participantes do grupo de pesquisa manifestaram o desejo de utilizá-lo no momento da intervenção de ensino.

Esses pacotes podem ser genéricos ou específicos. Os pacotes genéricos (como o Minitab, Splus, SPSS e SAS) são adequados para realizar uma gama variada de análises estatísticas. Os pacotes específicos são planejados para análises particulares de uma determinada área. Por outro lado, os pacotes podem exigir maior ou menor experiência computacional dos usuários. Alguns operam com menus, e é mais simples. Outros requerem maior familiaridade com o computador e são baseados em linguagens próprias.

Em estudos realizados por Moraes (1998) verifica-se que as instituições de ensino, que utilizam computadores no processo educacional, apresentam avanços no desenvolvimento do pensamento do aluno com dificuldades de aprendizagem, além de motivarem e ajudarem num melhor desempenho da aprendizagem de conceitos matemáticos, uma vez que o computador poderá vir a ser um bom administrador de atividades que contribuem para o desenvolvimento do raciocínio matemático-estatístico, favorecendo assim a compreensão dos significados dos conceitos dos objetos de estudo.

Nos últimos anos, as novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) têm exercido uma influência importante no ensino da Estatística, possibilitando a realização de todo o tipo de cálculos e facilitando o uso de uma grande variedade de formas de representação. Deste modo, as TICs possibilitam o tratamento de dados reais, em vez do tradicional trabalho com amostras de pequena dimensão, onde os valores são escolhidos de modo artificial para proporcionarem cálculos simples. Mais recentemente, a Internet, onde é possível obter uma imensa variedade de dados estatísticos, surgiu como um recurso de grande alcance para o ensino-aprendizagem deste tema (PONTE & FONSECA, 2001, p.5).

A utilização da tecnologia pela ciência, como a Estatística, tem contribuído para grandes avanços em todos os aspectos da dimensão humana e, sem sombra de dúvidas, tem se constituído como um fator essencial para (re)adaptação do indivíduo à sociedade moderna. (Chance et al., 2007)

A grande evolução da Ciência e Tecnologia tem contribuído de forma substancial no ensino de Estatística e, de acordo com Moore et al.(1995), este impacto não é tão surpreendente, dado que a tecnologia mudou a forma do trabalho Estatístico e, portanto, está mudando o conteúdo e a forma de ensinar este componente curricular.

Encontra-se em Chance et al. (2007) que a tecnologia tem levado a inúmeras mudanças na prática Estatística. Muitos problemas que eram intratáveis analiticamente, agora tem solução aproximada. Outra questão impactante no ensino de Estatística é ausência cada vez maior na utilização de tabelas Z e T para determinar valores de rejeição ou estimar os valores de P, uma vez que o software específico e as calculadoras de última geração produzem resultados com maior precisão e rapidez.

Com o passar do tempo, a evolução da tecnologia possibilita, pelos princípios científicos, novas concepções e fabricação de máquinas, aparelhos e instrumentos, as modificações acontecem numa velocidade muito grande, tornando muitos destes obsoletos em um curto período de tempo.

As tecnologias, de maneira geral, poderão contribuir significativamente para uma Educação Estatística mais eficiente, pois a sua utilização possibilitará a interação entre os alunos e demais participantes, suas aprendizagens e familiarização com as demanda das TICs para a futura profissão. (GARFIELD et al., 2000; CHANCE et al., 2007)

Encontra-se em Chance et al. (2007, p. 5) que os tipos de tecnologias utilizadas no ensino de Estatística e Probabilidades são diversos e dentre eles encontram-se: pacotes de software estatístico, software educacionais, planilhas e calculadoras gráficas.

Por pacotes estatísticos entende-se o software projetado para o fim específico de realizar análise estatística (CHANCE et al. 2007). Para Journal of Statistics Software, fundado em 1996, Software Estatístico é o elo fundamental entre os métodos estatísticos e sua aplicação na prática. (http://www.jstatsoft.org/). Dentre os muitos que existem, destacam-se:

·                    O Pakage Statistical Package for Social Sciences (SPSS), que apresenta uma aplicação relativamente fácil, pelo fato de funcionar de modo semelhante a outros aplicativos desenvolvidos para o Windows. É um pacote para o tratamento de dados acessível a usuários sem muito domínio em informática.

·           Outro Software estatístico potente é o R (Rcmdr), muito importante na interação de dados, criação de gráficos, realização de análises Estatísticas, criação e realização de simulações. Tem como forma mais simples e direta para acesso de dados a sua conversão e importação e, dentre outras características, possui pacotes com funções específicas. O R também consiste simultaneamente em uma linguagem de programação, ambiente para computação estatística e produção gráfica. Por ser um pacote estatístico gratuito, isto o torna com grande demanda na Educação Básica e Superior na rede privada, e principalmente, na pública.

·           O Software Minitab é um pacote estatístico importante na análise de dados e favorece a tomada de decisão com certa margem de segurança. O usuário não precisa ter conhecimentos de linguagem de programação aprofundada para manusear o software, por esta razão o torna de fácil acesso. Para Chance et al. (2007), nos últimos anos o Minitab tem tido um foco pedagógico muito grande. Por também ser um software de manipulação de dados, cada vez mais se torna mais viável no processo de ensino e aprendizagem, permitindo a exploração dos alunos na construção de ideias.

·           O Software S-Plus é um pacote estatístico altamente funcional, utilizado para manipulação e análise exploratória de dados, bem como apresentação Gráfica. É um pacote que tem relativa facilidade de manejo e acesso aos dados, devido a seus estilos de aplicativos Microsoft Office, com menus de diálogos e barras de ferramentas.

Embora, num primeiro momento, esses pacotes tenham sido desenvolvidos para a indústria, eles evoluíram para a analise de dados

São, portanto, irrefutáveis, em todos os níveis de ensino, os efeitos positivos da tecnologia nas práticas pedagógicas em Estatística. Já no início da década de 2000, o National Council of Teachers of Mathematics (NCTM) preconizava, em seus princípios e padrões para a escola de Matemática, que a existência e versatilidade da tecnologia tornam possível e necessário reexaminar o que os alunos devem aprender em Matemática, bem como a melhor forma de fazê-lo.

Em síntese, a presença das TIC tem sido investida de sentidos múltiplos, que vão da alternativa de ultrapassagem dos limites postos pelas “velhas tecnologias”, representadas principalmente por quadro-de-giz e materiais impressos, à resposta para os mais diversos problemas educacionais, ou até mesmo para questões socioeconômico-políticas (BARRETO, 2004, p.1183).

A American Statistics Association afirmou, em suas diretrizes, para avaliação e instrução em Educação Estatística, que quase todo o curso de Estatística pode ser melhorado se derem mais ênfase aos conceitos e dados, e, menos receitas e teoria. (GAISE, 2005)

Essa recomendação possibilitou a implantação generalizada da tecnologia em cursos de Estatística (GARFIELD et al., 2002a). As principais vantagens oferecidas aos educadores por pacotes de Estatísticas envolvem a automatização de fórmulas estatísticas complexas, desenvolvimento para melhor compreensão de conceitos estatísticos e oportunizar aos estudantes contato pratico com o software em pesquisa prática (BULMER & HALADYN, 2011)

 

 

 

REFERÊNCIAS

 

BARRETO, Raquel Goulart. Tecnologia e educação:trabalho e formação docente. Educ. Soc., Campinas, vol. 25, n. 89, 2004. Disponível em: http://www.cedes.unicamp.br acesso 21 de ago de 2010.

BULMER, M., & HALADYN, J. K. Life on an Island: A simulated population to support student projects in statistics. Technology Innovations in Statistics Education,2011. Disonível em:< http://escholarship.org/uc/item/2q0740hv> acesso em 30 de nov de 2011.

CHANCE, B., BEN-ZVI, D., GARFIELD, J & MEDINA, E. The Role of Technology in Improving Student Learning of Statistics. ‖ Journal Issue:  Technology Innovations in Statistics Education, 2007. Disponivel em: < http://escholarship.org/uc/item/8sd2t4rr> acesso 24 mar 2012.

GAISE. Guidelines for Assessment and Instruction in Statistics Education (GAISE) college report. American Statistical Association, 2005. Disponível em:< http://it.stlawu.edu/~rlock/gaise/> acesso acesso 22 de jan de 2011.

GARFIELD, J., CHANCE, B., & SNELL, J. L. Technology in College Statistics Courses,‖ In D. Holton et al. (Eds.), The Teaching and Learning of Mathematics at University Level: An ICMI study, 2000.

GARFIELD, J., delMAS, R, & ZIEFFLER, A.  education.Developing tertiary-level students' statistical thinking through the use of model-eliciting activities. Proceedings of the Eighth International Conference on Teaching Statistics. Ljubljana, Slovenia.ICOTS-8, 2010.

MORAES, Maria Candida. Novas tendências para o uso das tecnologias da informação na educação  1998. Disponível em:  http://www.edutecnet.com.br/edmcand2.htm. Acesso em 20 de maio de 2011.

NCTM, National Council of Teachers of Mathematics. Principles and Standards for School Mathematics. Reston, VA. Author, 2000.

PONTE, J. P., &  FONSECA,  H.  Orientações  curriculares para o ensino da estatística: Análise comparativa de três países.  Quadrante,  10(1),  93-115. 2001. Disponível em:http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/jponte/docs-pt/01-Ponte-Fonseca.pdf  Acesso 12 de ago, 2010.

 

Para fazer referência deste blog:

 

BRANDÃO, R.J.B. A tecnologia na Educação Estatística. São Luís, março de 2014. Disponível em: http://branndd.blogspot.com.br. Acesso em: 31 de mar de 2014.